17 março, 2010

Salve Maria!

É com imensa alegria que o Grupo de Oração Universitário do CEUNES inaugura o seu blog! Uhuuuu
O blog é um espaço de patilha, aprendizado, conhecimento e contato maior com o povo que nos foi confiado pelo Senhor!! 

O nosso coração se alegra demais e tenho certeza que o de Deus também...
Vamos fazer de tudo para atualizarmos o nosso canto sempre, com textos, dicas, reflexões, informativos sobre o nosso grupo de oração/ misnistério, etc. Vai ser uma experiência muito legal e  nós contamos com a participação de todos os que por aqui passarem!

Esse espaço é de todos nós GOU CEUNES e família Universidades Renovadas! 
Por isso sejam muito bem vindos ao Blog GOU CEUNES!!

E o nosso primeiro texto é muito especial, pois trata de um assunto com o qual nos deparamos todos os dias na universidade, quando assumimos nossa fé diante do meio acadêmico e científico, o diálogo FÉ e RAZÃO. Além disso foi escrito pelo nosso querido Bispo Diocesano D. Zanoni Demettino Castro. 
Fica aqui o nosso muito obrigada ao nosso Bispo pela disponibilidade e fidelidade em escrever o texto. Muito obrigada!

Peço que sejam fiéis a leitura,pois relamente o texto vem enriquecer a cada um de nós a respeito da temática fé e razão!

Também queremos agradecer ao nosso amigo Álan Smyth, que foi o anjo que nos ajudou na criação e montagem do blog! Valeu Álan, Deus te abençoe!

Aproveitem galera!!


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FÉ E RAZÃO

Dom Zanoni Demettino Castro
Bispo de São Mateus, ES

           
No ano passado comemoramos os 200 anos do nascimento de Charles Darwin e 150 anos após a sua mais famosa obra, a “Origem das espécies”, regressa o debate sobre a relação entre evolução e criação, isto é, ciência ou fé.
De fato a teoria da evolução levanta ao cristianismo alguns desafios. As narrações bíblicas da criação, com suas imagens de Deus modelando em argila o corpo do primeiro homem ou como um cirurgião, extraindo uma costela de Adão para com ela formar o corpo de Eva... o “fruto proibido”, o paraíso perdido etc..São mentiras, são enganações? Como conciliar com a teoria da evolução? Durante muito tempo essas palavras foram inquestionavelmente aceitas e isso contribui para formar entre os crentes e não crentes a idéia da incompatibilidade da ciência com a Bíblia, da ciência com a fé.
Uma interpretação errônea dos primeiros onze capítulos do Gênesis trouxe-nos inúmeros problemas; entre outros, dificuldades invencíveis para o que não crêem e inquietação para os que crêem. Além disso, e talvez seja este o problema mais grave, prendendo-nos à sua linguagem figurada, afastou-nos muitas vezes do essencial, que é a mensagem sobre o homem e sua existência concreta.
 O livro do Gênesis, na Bíblia começa com essas palavras: Bereshi Bara Eloim, No principio Deus criou. A história bíblica a partir do capítulo 12 começa com Abrão, no século XVIII ou XVII a C. Mas antes dessa história humana carregada de simbolismos e significados, o livro convida seus leitores a lançarem um olhar para trás, para o “começo”: começo do mundo, começo da humanidade, começo de sua aventura neste mundo. Ao pôr em causa a interpretação literal do Livro do Génesis, conduz a uma nova compreensão do significado da descendência de toda a humanidade a partir de Adão e Eva, do paraíso terrestre, da criação dos primeiros seres humanos em estado de graça e de imortalidade, do pecado original, da causa do sofrimento e da morte, da aparição dos primeiros seres humanos no processo da evolução, etc”.[1]
Como podia o hagiógrafo, isto é, o escritor sagrado, saber o que se passou quando da criação? Quem foi a testemunha? Não existem fotos, nem filmagens ou gravações, isto é, não existem evidencias. Como conciliar seu ensinamento com a ciência? Se Adão e Eva não existiram – porque o homem apareceu por evolução – como acreditar nos “seis dias”? Que é pecado original? Seria o fato de Adão e Eva se terem unido “carnalmente”? Por que teríamos nós de suportar as conseqüências de sua falta?Qual o significado de imagens como a serpente, a árvore do conhecimento, a árvore da vida? E o dilúvio universal? Mais do que perguntas essas passagens são respostas.[2]
O Papa João Paulo II numa busca de diálogo entre a fé e a razão escreve com muita nitidez em sua encíclica Fides et ratio de 14 de setembro de 1998 : A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em última análise, de conhecê-lo, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar também à verdade plena sobre si próprio (cf. Ex 33, 18; Sal 2726, 8-9; 6362, 2-3; Jo 14, 8; 1 Jo 3, 2). [3]
João Paulo nos lembra que tanto no Oriente como no Ocidente pode-se ter presente um caminho que ao longo dos séculos, levou a humanidade a encontrar-se progressivamente com a verdade e a confrontar-se com ela. A recomendação “conhece-te a ti mesmo” estava esculpida no dintel do Templo de Delfos, para testemunhar uma verdade basilar que deve ser assumida como regra mínima de todo o homem que deseje distinguir-se, no meio da criação inteira, pela sua qualificação de homem, ou seja, enquanto “conhecedor de si mesmo. Perguntas fundamentais – Quem sou eu? De onde venho e para onde vou? Por que  existe o mal - são encontradas nos: escritos sagrados de Israel; Vedas; Avestá, Confúcio, Lao-tze.[4]
Em nossos dias, dizia o Papa João Paulo II “a busca da verdade última aparece muitas vezes ofuscada. A filosofia moderna possui, sem dúvida, o grande mérito de ter concentrado a sua atenção sobre o homem. Partindo daí, uma razão cheia de interrogativos levou por diante o seu desejo de conhecer sempre mais ampla e profundamente. Desta forma, foram construídos sistemas de pensamento complexos, que deram os seus frutos nos diversos âmbitos do conhecimento, favorecendo o progresso da cultura e da história. A antropologia, a lógica, as ciências da natureza, a história, a lingüística, de algum modo todo o universo do saber foi abarcado. Todavia, os resultados positivos alcançados não devem levar a transcurar o fato de que essa mesma razão, porque ocupada a investigar de maneira unilateral o homem como objeto, parece ter-se esquecido de que este é sempre chamado a voltar-se também para uma realidade que o transcende. Sem referência a esta, cada um fica ao sabor do livre arbítrio, e a sua condição de pessoa acaba por ser avaliada com critérios pragmáticos baseados essencialmente sobre o dado experimental, na errada convicção de que tudo deve ser dominado pela técnica. Foi assim que a razão, sob o peso de tanto saber, em vez de exprimir melhor a tensão para a verdade, curvou-se sobre si mesma, tornando-se incapaz, com o passar do tempo, de levantar o olhar para o alto e de ousar atingir a verdade do ser. A filosofia moderna, esquecendo-se de orientar a sua pesquisa para o ser, concentrou a própria investigação sobre o conhecimento humano. Em vez de se apoiar sobre a capacidade que o homem tem de conhecer a verdade, preferiu sublinhar as suas limitações e condicionalismos”[5].


[1] Cf Grelot, P. Homem quem és? Ed. Paulinas,p 11.
[2] Cf Grelot, P. Homem quem és? Ed. Paulinas,p 07
[3] João Paulo II. Fides et Ratio in Documentos da Igreja. Ed. Paulus, p 103.
[4] Ibidem
[5] João Paulo II. Fides et Ratio in Documentos da Igreja. Ed. Paulus, p 108.

4 comentários:

  1. além de rezar muito, esse Bispo ainda é baiano...ê povo bom meu Deus!
    rsrs

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  2. Acho q Deus está em tudo que Ele criou.
    Pq Ele não poderia ser responsável pelo início da vida com um organismo primitivo?
    A evolução não é um milagre?
    Eu acho que é!

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  3. Ei Augusto, muito válido seu comentário.

    Com certeza a evolução é um milagre de Deus!

    Segue um texto muito interessante sobre Fé e Ciência do Alexandre Zabot(físico, mestre e doutorando em Astrofísica).Resolvi postar aqui afim de complementar o texto de Dom Zanoni... Vale a pena dá uma lida.

    * Há Propósito na Evolução? *

    A Igreja Católica não propõe uma teoria científica para a criação, não é o papel dela. No entanto a Igreja ensina, com base nas Sagradas Escrituras, que há propósito de Deus na Criação e ele pode ser percebido pelo homem. Também ensina a Igreja que a ciência verdadeira não se opõe à fé. A conclusão natural para qualquer católico, portanto, é que se uma teoria científica para a criação é verdadeira ela não terá conflito algum com a fé católica. É neste contexto que precisamos entender a oposição de muitas pessoas à teoria da evolução de Darwin. Elas acreditam que a teoria de Darwin elimina o propósito de Deus na criação. Mas por que pensam assim e, será que isso é mesmo verdade?

    Geralmente o primeiro argumento contra qualquer evolução, não só a biológica mas também a do universo, é o livro do Gênesis. Sabemos, entretanto, que do ponto de vista católico não há motivos para acreditar na interpretação literal do relato da Criação. Deve ser compreendido como uma metáfora. Até mesmo porque cientificamente a evolução biológica é um fato mais do que comprovado...

    PAZ E BEM!

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